Com apoio do FAC, um dos principais eventos de audiovisual na capital aposta no seu braço infantojuvenil, BIFF Júnior
A sétima edição do Brasília International Film Festival (BIFF), evento brasileiro dedicado ao trabalho de cineastas estreantes no Brasil e no mundo, vai celebrar os 60 anos de Brasília em formato inédito. Pela primeira vez, os filmes inéditos entre ficção e documentários que tradicionalmente ocupam o Cine Brasília, e os títulos do BIFF Júnior, braço infantojuvenil do festival, programados para unidades do Sesc, serão exibidos em um ambiente virtual, por meio de uma plataforma de streaming de 21 a 26 de abril.
A mudança nos planos foi de última hora em razão da pandemia de coronavírus (Covid-19), e o BIFF passa a acontecer na plataforma brasileira de distribuição digital Looke, que poderá ser acessada a partir de dispositivos eletrônicos diversos: smartphones computadores, e até projetores. A produção aposta que o BIFF Júnior terá um papel relevante em oferecer distração de boa qualidade para toda a família em um momento de isolamento social.
“A Looke tornou-se nossa parceira e representa um apoio técnico colossal, capaz de suportar até 10 milhões de acesso por filme”, festeja a criadora e curadora do BIFF, Anna Karina de Carvalho. O sítio do evento http://www.biffestival.com/ está em fase final de construção com todos os detalhes, anuncia.
Produtora e cineasta, a integrante da curadoria do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2019, ela registra a importância da contribuição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) do Distrito Federal pelo aporte de R$ 390 mil do último edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) ao festival.
Ela destaca também o incentivo do titular da pasta, Bartolomeu Rodrigues, à transferência da iniciativa para a plataforma digital. “O secretário é um visionário, sabe que vivemos numa nova era”. A produção do BIFF tem parcerias com outros apoiadores para viabilizar o evento, orçado em cerca de R$ 900 mil.
Para o secretário, a iniciativa do BIFF é inovadora e serve de modelo para situações emergenciais como a que o setor cultural atravessa. “O entusiasmo de Anna levantou nosso astral, foi animador ver o cartaz do festival estampado na cidade, como a mostrar que a cultura resiste e continua viva”, afirma Bartolomeu.
A produtora do BIFF destaca nessa edição a preocupação especial com a seleção dos filmes para a mostra infantojuvenil no sentido de que tragam subsídios para discussões que possam ser feitas em família, em casa, em tempos de reclusão social em virtude da pandemia.
“Assuntos como bullying e aqueles ligados à orientação sexual poderão promover mais diálogo com um público que gasta muito tempo nas redes”, aposta Anna Karina. “O cinema se presta bem a isso. Você assiste aos filmes e pode abordar em seguida questões delicadas”, sugere.
Entre os destaques do BIFF Júnior estão, o nacional “Alíce Júnior” (Gil Baroni com Anne Celestino) – justamente sobre uma jovem que produz conteúdos sobre sexualidade para a rede e sofre discriminação” –, e o italiano “Copperman” (Eros Puglielli).
A mostra principal apresentará, já confirmados, “Corpus Christi” (Jan Komasa, Polônia) e “We are little zumbies” (Makoto Nagahisa, EUA). “Estamos fechando a negociação dos títulos, que dependem também dos outros três curadores, por isso não podemos adiantar muitas coisas”. As produções são todas de 2019.
O BIFF elegeu nessa edição homenagear o ícone Kirk Douglas (1916-2020), falecido nos Estados Unidos com 103 anos no mês passado. O crítico Mario Abadde vai comentar alguns dos sucessos estrelados pelo ator e selecionou cinco filmes que percorrem sua trajetória: “Assim estava Escrito” (The Bad and the Beautiful, 1952), de Vincente Minnelli; o clássico “Spartacus” (1960), de Stanley Kubric; “Sede de viver” (Lust for Life, 1956), de Minnelli e George Cukor; “Sua última façanha” (Lonely are the brave, 1962), de David Miller; e “A montanha dos sete abutres” (Ace in the hoje, 1951), obra-prima de Billy Wider sobre a manipulação dos fatos pelo jornalismo sensacionalista.
A curadora do BIFF, batizada com o nome profissional da atriz Hanna Karin Blarke Bayer (1940-2019), estrela do francês Jean-Luc Godard, vai prestar uma homenagem a uma das musas do Nouvelle Vague (estilo contestatório dos anos 1960 em linguagem e temática), exibindo o documentário de 2017 do viúvo da atriz, Dennis Berry, “Anna Karina, souvien-toi?” (Anna Karina, te lembras?, tradução livre).
O documentário, como os demais filmes do festival, terá legenda em português. O evento será gratuito e a forma de inscrição vai ser divulgada pelo site. “É tudo bem simples, com instruções bem didáticas sobre como proceder”, afirma a curadora.
Serviço
7º BIFF – Brasília International Film Festival
21 a 26 de abril de 2020